A Fapemig esteve presente no Azeitech 2024, realizado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) no dia 2 de fevereiro. O evento aconteceu no Campo Experimental de Maria da Fé, no Sul de Minas, e reuniu produtores, visitantes e autoridades, que puderam acompanhar as atividades do 19º Dia de Campo de Olivicultura, da 9ª Mostra Tecnológica e da reinauguração da agroindústria de extração de azeite.

A modernização da agroindústria foi possibilitada com recursos da Fapemig, em conjunto com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede). Foram mais de R$2 milhões investidos na compra de máquina extratora, lavadores de garrafa, rotuladoras, tanques e mesas de inox, além de equipamentos de laboratório. Se antes a agroindústria processava 100 quilos de azeitonas por hora, o novo maquinário mais que dobra essa capacidade, que passa a ser de processamento de 250kg de azeitonas por hora.

Segundo Carlos Arruda, presidente da Fapemig, a reinauguração é motivo de alegria pelas conquistas que irá beneficiar não apenas a EPAMIG, mas todos os produtores do Sul de Minas. “A renovação da agroindústria, que foi apoiada pela Fapemig, vai permitir atender a um número ainda maior de micro e pequenos produtores da região, que utilizam essa infraestrutura para o processamento do azeite”, destaca Arruda.

Durante a abertura do evento, Nilda Ferreira Soares, presidente da EPAMIG, falou sobre o crescimento da olivicultura e do interesse pela atividade na Região da Serra da Mantiqueira. “A cada evento, podemos comprovar a importância da olivicultura no nosso Estado. Temos mais de 250 produtores de azeite só aqui na Serra da Mantiqueira e mais de 60% dessa produção está em Minas Gerais. Conhecemos as dificuldades e os anseios dos nossos produtores e temos aqui, em Maria da Fé, esta agroindústria equipada com maquinário moderno, disponível para os produtores que ainda não têm seus lagares [termo utilizado para definir os locais de extração de azeite]. Temos ainda serviços de análises laboratoriais e orientações para o início do plantio e manejo de doenças e pragas”, disse.

O evento ainda contou com a presença do secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, dos presidentes da Emater-MG, Otávio Maia, e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Antônio Carlos de Moraes, de autoridades do município, representadas pelo secretário de Cultura e Turismo, José Maurício Campos Ribeiro, e do presidente da Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive), Moacir Batista do Nascimento Filho.

Olivicultura em Minas Gerais

O Campo Experimental de Maria da Fé iniciou seus trabalhos com olivicultura em meados de 2008, quando também aconteceu a primeira extração de azeite extravirgem do Brasil no local. O espaço conta com um banco de germoplasma com aproximadamente 60 espécies de oliveiras para estudo, sendo que oito cultivares possuem patentes registradas pela EPAMIG e Fapemig. No local, ainda há o desenvolvimento de cultivares melhoradas para determinadas regiões e orientação a produtores, que enviam dúvidas e pedidos de análises.

A plantação de oliveiras na região só foi possível por causa da altitude proporcionada pela Serra da Mantiqueira, onde já se contabilizam aproximadamente 80 mil mudas plantadas em mais de 130 hectares. Entretanto, o sucesso do empreendimento depende muito da geração e difusão de tecnologias adequadas às condições de solo e clima das regiões de plantio.

Pesquisas em desenvolvimento

Atualmente, os trabalhos locais estão voltados para pesquisas sobre a doença Xylella fastidiosa em oliveiras, que vem preocupando os produtores, uma vez que ela pode matar as lavouras. Durante o Dia de Campo de Olivicultura, a pesquisadora Joyce Froza, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), promoveu uma palestra sobre “Cigarrinhas vetoras da Xylella fastidiosa em oliveira”. Ela trabalha em parceria com a Epamig desde 2015 em pesquisas para o manejo desse inseto vetor.

“A Xylella fastidiosa é uma doença muito complexa, que vem causando preocupação entre os olivicultores e pode se propagar de várias formas. Em 2023, iniciamos, aqui em Maria da Fé, um novo projeto para avaliar plantas espontâneas da vegetação rasteira entre os pomares, os chamados matos, e verificar se eles podem ser possíveis fontes de inóculos da bactéria e quais espécies de cigarrinha estão relacionadas com essas plantas”, destaca a pesquisadora.

A maioria das pesquisas desenvolvidas em Maria da Fé são financiadas pela FAPEMIG, sendo que mais de R$ 8 milhões já foram empregados somente em pesquisas sobre a olivicultura. “A modernização dos equipamentos da agroindústria e do laboratório irá possibilitar trabalhos e resultados melhores das pesquisas realizadas no Campo Experimental”, destaca Pedro Moura, um dos pesquisadores da EPAMIG que desenvolve trabalhos na agroindústria.

A cadeia produtiva de azeite ainda se preocupa com a destinação dos resíduos gerados (sementes e poupa da trituração das azeitonas). Foi a partir disso que a empreendedora e farmacêutica Vânia Gonçalves, começou a desenvolver, em 2014, cosméticos à base de azeite de oliva e dos rejeitos da extração. “Os testes que mostraram que esses resíduos ainda tinham um pouco de azeite e propriedades. Por isso, comecei a desenvolver produtos para dar destinação adequada a eles. Desenvolvi cosméticos esfoliantes com o bagaço e sachês perfumados e aromatizadores de ambiente com os caroços da azeitona”, conta.

A farmacêutica diz que todos os resíduos utilizados são recolhidos da Epamig e ainda destaca que, recentemente, depositou uma patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) do processo de reaproveitamento do resíduo da extração de azeite para a fabricação de sabonetes.

O presidente da Fapemig finaliza: “Esse é um exemplo do ciclo benéfico da aplicação do conhecimento e da inovação: os estudos desenvolvidos no local são repassados aos produtores, que aplicam os ensinamentos na melhoria de sua produção e retornam com novas demandas, que serão investigadas pelos pesquisadores. Ganha a EPAMIG, com a ampliação do conhecimento sobre o tema; ganham os produtores, com a melhoria da competitividade de seus produtos; e ganha toda Minas Gerais, na forma de mais oportunidades e desenvolvimento”.

* Por Bárbara Teixeira – Ascom Fapemig

Fotos Diego Vargas – Agricultura MG